Quem tem medo da Inteligência Artificial?
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Na última semana, os feeds do Instagram foram tomados por carrosséis de imagens futurísticas, de selfies com traços finos, pessoas transformadas em fadas, astronautas ou pinturas renascentistas. Trata-se do lensa.ai, plataforma de inteligência artificial que cria imagens usado fotos enviadas pelos usuários.
No LinkedIn, as opiniões se dividiram entre os que aplaudiram a capacidade de gerar receita em escala - já que a tal lensa.ai cobra por essa funcionalidade - e os que trouxeram críticas aos termos de uso do aplicativo, que aparentemente incluem a cessão irrevogável das imagens criadas.
Toda essa discussão me lembrou o livro Life 3.0, do Max Tegmark, um fisicista teórico do MIT. Não vou mentir - esse é o livro mais difícil que já li. Tem um capítulo que vai de Dyson Spheres a Cosmic Engineering. Em outro, ele discute Aristóteles, o Bhagavad Gita, o Utilitarismo e o objetivo final de termos a tal superinteligência. Minha mente girava como se estivesse num buraco negro - se é que cabeças giram dentro do buraco negro. Acho que faltei nessa aula.
Afinal - viagens quântica-sociológicas à parte - o que é a tal Vida 3.0?
Para explicar, vou voltar à Vida 1.0, que o autor define como sendo a vida puramente biológica. Como a das bactérias. Organismos que crescem e se reproduzem, mas que mudam muito pouco, apenas através de seleção natural, após muitas e muitas gerações. São organismos que não têm a capacidade de mudar seus softwares, nem seus hardwares.
A Vida 2.0 é aquela que vivemos hoje. Não apenas sobrevivemos, mas também, como humanos, somos flexíveis, aprendemos novos skills, nos adaptamos - como se estivéssemos fazendo uma atualização do nosso software. Da vida 2.0, nasceram a linguagem, a imprensa, a ciência moderna, a internet. Nosso hardware biológico, no entanto, ainda tem muitas limitações. Podemos até usar um marca-passo, mas não temos a capacidade de viver um milhão de anos, de memorizar toda a Wikipedia, nem de fazer uma transformação radical e nos tornarmos 10.000 vezes menores (a não ser que você viva em um certo filme da Marvel).
A Vida 3.0 é essa: a que tem a capacidade de mudar não só o seu próprio software, mas também o hardware. E é aqui que entra a Inteligência Artificial. Já criamos máquinas com redes neurais, que se atualizam sozinhas: computadores autodidatas que aprendem a jogar xadrez. É a “narrow AI”, um gostinho que vai ser a “Artificial General Intelligence”, ou AGI - quando as máquinas terão a capacidade de realizar tarefas cognitivas tão bem quanto humanos. A partir daí, poderemos ter superinteligência e seres com Vida 3.0. Talvez ainda neste século.
Ainda não sabemos se é uma questão de “SE” ou de “QUANDO”.
Alguns são céticos, pessimistas e entendem a discussão como precipitada. Outros acreditam que esse é o próximo passo natural para a humanidade - e acreditam que seja para melhor. No meio, está o autor - e nomes conhecidos como Stephen Hawking e Elon Musk - que acreditam que esse pode ser um movimento positivo, mas que precisa ser estudado e discutido antes que a tecnologia seja desenvolvida.
A única certeza que temos hoje é que a tecnologia vai transformar a forma como vivemos e trabalhamos. Hoje já existem diversas plataformas como a lensa.ai, que criam imagens e até textos inteiros através de inteligência artificial. Os resultados são impressionantes. Será um início de Vida 3.0: máquinas criando aquilo que pensávamos que só humanos poderiam conseguir?
No livro, de 2017, o conselho do autor para quem está começando uma carreira é seguir por áreas onde as máquinas não são boas - aquelas que envolvem pessoas, falta de previsibilidade e criatividade. Ao ver as imagens criadas pela inteligência artificial, vale questionar se esse conselho ainda é válido.
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