Ela definitivamente não tem talento para esportes
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Eu tinha nove anos quando comecei a fazer aula de piano. Depois de três meses, a professora ligou para minha mãe e disse: “Olha só: a Fernanda é uma menina adorável e super dedicada. Mas ela definitivamente não tem talento para música. Talvez ela devesse praticar algum esporte?". Então parei as aulas de piano e comecei a fazer aulas de tênis. Eu ia para o clube todas as tardes para treinar. Depois de alguns meses, o instrutor - sem saber do episódio anterior - ligou para minha mãe e disse: "Olha, a Fernanda tem treinado muito, dá pra ver a dedicação dela. Mas ela definitivamente não tem talento para esportes. Talvez ela deveria tentar algum instrumento?". Minha mãe, com todo amor e carinho, me deu um feedback que jamais esquecerei: “Fe, você nunca vai ter sucesso se insistir na música ou quiser ser atleta. É melhor você estudar para ser alguém no futuro.".
Eu sei que parece anedótico, mas foi exatamente assim que aconteceu. Minha mãe, assim como as duas professoras, tinha o que Carol S. Dweck chama de “mindset fixo” (algo como “mentalidade fixa” em português) – uma crença de que as qualidades de alguém estão gravadas em pedra.
Um mindset de crescimento, ao contrário, é a crença de que você pode cultivar qualidades por meio do esforço; que, com muito trabalho, processo, estratégia e foco corretos, você pode desenvolver as suas habilidades.
"Não importa qual seja a sua habilidade, o esforço é o que acende essa habilidade e a transforma em realização."
Em seu livro “Mindset – A Psicologia do Sucesso”, Dweck descreve esses dois tipos de mentalidade, com exemplos do mundo dos esportes, negócios e relacionamentos. Citando histórias que vão de Michael Jordan a Thomas Edison e Jack Welch, ela descreve as características de um mindset de crescimento: capacidade de trabalhar duro e se concentrar sob pressão, determinação e perseverança, curiosidade insaciável e paixão por aprender, entusiasmo pelo que faz, motivação contínua e compromisso, e estar pronto para assumir riscos e se esforçar, para citar alguns.
"As pessoas com mindset de crescimento não procuram apenas desafios, elas prosperam neles. Quanto maior o desafio, mais se esforçam".
Como Dweck aponta no livro, nunca somos totalmente um ou outro; diferentes eventos ou situações podem desencadear uma mentalidade fixa. Diante de contratempos ou críticas, pode ser difícil persistir e acreditar que você pode conseguir algo. Para mim, o segredo para superar alguns desses momentos é lembrar o conceito de “neuroplasticidade” – assim como um músculo, seu cérebro também pode mudar e ficar mais forte quanto mais você o utiliza; forma novas conexões quando praticamos e aprendemos coisas. Não dizem que a prática leva à perfeição?
“Uma avaliação num determinado momento tem pouco valor para compreender a capacidade de alguém, muito menos o seu potencial para ter sucesso no futuro”.
Às vezes, imagino encontrar aqueles professores da minha infância. Ainda não consigo tocar piano e sou péssima no tênis (nem beach tennis eu encarei). Mas gostaria de dizer a eles que já fiz muitas meias maratonas e até me tornei professora de Yoga. Talvez se os professores acreditassem mais no esforço e na mentalidade do que nas capacidades naturais, seriam melhores treinadores para crianças dispostas a crescer em direção aos seus objetivos…
PS: Quanto à minha mãe, sem ressentimentos: segui o conselho dela e nunca parei de estudar.
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