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Little Black Stretchy Pants - Chip Wilson

fernandamschmid

Atualizado: 30 de abr. de 2024


Já perdi a conta de quantas vezes recomendei a leitura de “Little Black Stretchy Pants”, a auto-biografia do Chip Wilson - curiosamente, não autorizada pela empresa Lululemon, que ele mesmo fundou. Uma verdadeira aula de empreendedorismo, com lições que vão desde posicionamento de marca até a criação de uma cadeia de varejo verticalizada e processo de IPO, essa é uma leitura obrigatória para founders e gestores de marcas e empresas de varejo. 


Cheio de frases fortes como “A média está tão perto do fundo quanto do topo”, ou “A mediocridade é inevitável quando não há um tomador de decisão final para gerenciar as prioridades”, você logo percebe o quanto a visão e a personalidade dele, como fundador, influenciou a cultura da empresa, muito orientada a metas e resultados e com um padrão altíssimo de qualidade.  


No início do livro, Chip Wilson conta suas experiências pessoais e de empreendedorismo no surf, skate e snowboard. São capítulos um pouco cansativos, mas valem para entender como os erros e as lições que ele aprendeu nos empreendimentos anteriores foram importantes para a criação da Lululemon. 


Muito do foco do livro são as lições sobre como gerir um negócio de varejo verticalizado, do controle total da cadeia (por exemplo, para não precisar sucumbir à pressão de preço de atacadistas) até a excelência na experiência oferecida aos clientes (que inclui até alfaiataria na loja para fazer a bainha das calças).  


Falando em “experiência do cliente”: muito antes disso e de “comunidade” virarem buzzwords, a Lululemon já entendia esse conceito, e trazia para suas lojas aulas de Yoga para criar esse vínculo com seu público-alvo - que, aliás, ele tinha definido com uma precisão e foco que poucas marcas têm. As “Super Girls" eram mulheres que ganhavam bem, se dedicavam à saúde, praticando exercícios e alimentação saudável, e - tendo filhos mais tarde, tinham renda disponível para gastar com produtos de alta qualidade e funcionalidade. 


Funcionalidade, aliás, sempre foi um dos grandes diferenciais da marca. As designers ficavam nas lojas, observando e conversando com clientes para entender como melhorar o produto. Quando desenvolveram uma linha de tops esportivos, fizeram um estudo com uma universidade sobre movimento dos seios durante a prática das esportes. Essa combinação de funcionalidade, qualidade e design, junto com um posicionamento claro, possibilitou que a marca cobrasse preços muito acima dos praticados na categoria.    


Tem ainda uma seção inteira do livro dedicada ao IPO - desde o processo com o fundo de Private Equity até a gestão da empresa uma vez que ela estava nas mãos dos novos executivos - e todos os atritos e armadilhas que vieram com as diferentes visões e interesses. Segundo Chip Wilson, a nova liderança pensava sempre no "jeito de ter uma boa aparência para maximizar os ganhos de curto prazo”. Alguém já viu isso antes?


O livro traz mais uma série de fatos sobre a construção da marca e da cultura da empresa - incluindo os momentos de crises de PR depois de algumas das suas declarações polêmicas. Como toda história tem mais de uma versão, vale pelo menos ler o que ele conta pra formar uma opinião. Pessoalmente, vejo diversas qualidades na personalidade e no estilo de gestão que ele conta ter; se é tudo verdade, não sei. E mesmo sendo, se compensam o lado negativo de seu estilo, também não sei dizer.      


Um cuidado final pra quem for ler: ao longo do livro, ele recomenda pelo menos outras dez leituras de diferentes assuntos, como “Tipping Point”, do Malcom Gladwell, e “Good to Great”, do Jim Collins, dando só o teaser do conteúdo. Obviamente, comprei vários. 






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©2024 por Fernanda M Schmid

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