![](https://static.wixstatic.com/media/140431_0bbcc32e3d164f3891c21cf0f9d3ef8b~mv2.jpeg/v1/fill/w_980,h_980,al_c,q_85,usm_0.66_1.00_0.01,enc_auto/140431_0bbcc32e3d164f3891c21cf0f9d3ef8b~mv2.jpeg)
Quantas vezes você lê o mesmo livro?
Tem uma famosa frase do escritor Jorge Luiz Borges que diz que - como no rio de Heráclito - você nunca lê o mesmo livro duas vezes, porque, na segunda vez, você já é outra pessoa.
Aproveitei o friozinho de ontem para reler “Kafka e a Boneca Viajante”, de Jordi Sierra i Fabra - acho que pela quinta vez. É um livro curtinho, infanto-juvenil, mas que fala com leitores de todas as idades.
A história começa com Kafka (sim, aquele mesmo, da Metamorfose), já bem doente, em um parque em Berlin. Ele ouve um choro “alto, convulso, repentino” e descobre uma menina, triste por haver perdido a sua boneca.
Para acalmá-la (e sem pensar muito nas consequências), ele inventa uma história: a boneca não estava perdida, estava viajando. E ele, um “carteiro de bonecas”, traria uma carta da boneca para ela no dia seguinte.
Da primeira carta até o final do livro, são várias as aventuras da boneca - e muitas as aflições e alegrias do escritor. Uma obra linda sobre a arte de escrever, o poder das viagens, e a magia da imaginação e da alegria das crianças.
Não se sabe se a história é real. As cartas nunca foram encontradas, mas foi Dora Dymant, companheira de Kafka, que a contou pela primeira vez.
Talvez seja justamente essa mística sobre a veracidade que deixe a história tão linda. Ou talvez seja essa capacidade que a literatura de nos transportar para outros mundos - como a boneca viajante transportava a menina a cada carta.
Hoje, sendo mãe, entendo a importância da boneca para aquela menina - uma beleza que eu não entendia quando li pela primeira vez. Pensando em como será ler com a minha filha quando ela crescer um pouquinho...
Link: https://amzn.to/3YeMrA5
Comments