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Glück - Karin Hueck e Fred di Giacomo

fernandamschmid

Atualizado: 30 de abr. de 2024

Sobre se dar o Presente do Tempo



Um dia você faz 40 anos e percebe que chegou naquilo que alguns (alienados) ainda chamam de meia-idade. Alguns entram em crise; quem pode, compra um Porsche ou faz uma lipoaspiração. Eu decidi me dar um presente: Tempo.


Depois de alguns anos emendando uma oportunidade na outra, uma responsabilidade na outra, uma reunião na outra, percebi que precisava respirar. Entre pandemia, gravidez, mudança de empresa, viagens a trabalho, metas agressivas e incontáveis compromissos, tudo vinha antes de mim mesma na minha lista de prioridades.  


A maneira como você passa os seus dias é a maneira como você passa a sua vida.  


Sempre fui muito disciplinada, e hábitos como a Yoga e meditação, que pratico todos os dias pela manhã, sempre ajudaram a manter a minha saúde, física e psicológica, no lugar. Mas percebi que, na correria do dia-a-dia, tinha despriorizado diversas das coisas que me nutriam: viajar, estudar, ler e escrever, passar tempo com a família.    


De repente, surgiu a necessidade de não deixar mais a vida caminhar no piloto automático.


Num alinhamento de astros daqueles que só acontecem para quem acredita no poder da sincronicidade do Universo, meu marido poderia tirar um tempo também, e minha filha, de pouco menos de dois anos, não ia perder nada de muito importante pro ENEM faltando um mês na escolinha. Fizemos as malas e fomos pra Itália.


Psicólogos já concluíram que as pessoas que viajam são mais felizes.


Mas viajar com uma criança pequena é muito mais difícil do que simplesmente pegar um mochilão e sair por aí. Tudo tem que ser pelo menos um pouco mais planejado, os horários são mais difíceis, tem um limite do quanto podemos fazer a cada dia. E isso é maravilhoso. 


Somos a soma das nossas experiências.


Passeamos por dois meses, “moramos” em pelo menos 15 casas diferentes, visitamos mais de 20 cidades: das tradicionais Milão, Veneza, Florença, Roma, até as mais pequeninas e fora do circuito tradicional, como Matera, Alberobello e Urbania, onde paramos para a festa da Befana (bruxa), tradicional celebração do Dia de Reis na Itália.

 

Sem pressa, conhecemos restaurantes de bairro, fomos ao mercado e cozinhamos em casa. Passamos alguns dias visitando museus e outros deitados no sofá, lendo. Pratiquei Yoga todos os dias, com um tapete que comprei logo que chegamos: um transtorno para carregar nas viagens de trem, e que ficou por lá no último AirBnb que nos hospedamos. Terminei alguns cursos que queria fazer há tempos, e pratiquei meu italiano (ainda macarrônico) em cada livraria que visitamos, pedindo recomendações de novos livros.


Falando em livros: antes de ir, reli alguns trechos de um livro chamado GLÜCK, da Karin Hueck e Fred di Giacomo (de one tirei as frases em destaque aqui desse texto). 


A palavra “Glück”, em alemão, significa ao mesmo tempo Felicidade e Sorte. 


E é justamente sobre isso que eles tratam no livro: o ano sabático que eles passaram em Berlin, e o que esse período ensinou sobre a felicidade. Já emprestei (e peguei de volta!) esse livro várias vezes desde 2018. Recomendo a leitura não só para quem pensa em tirar um tempo sabático, mas pra qualquer um que queira entender um pouco mais sobre psicologia positiva e essa tal eterna busca pela felicidade. Esse é um tema que eu adoro, mas que reconheço que é difícil de se aprofundar sem recorrer a cursos, livros super longos e técnicos ou a clássicos da filosofia e do budismo.   


Nosso trabalho é parte fundamental da nossa personalidade e de quem somos. 

Sempre dei muita importância à minha carreira e ao meu crescimento profissional - e isso não mudou. Foi difícil recusar algumas das oportunidades que surgiram nesse tempo, mas que me obrigariam a interromper a viagem e esse tempo que me dei de presente. 


Tampouco pude passar um ano inteiro fora. Não só precisaria gastar muito das minhas economias, mas adoro trabalhar, e alguns compromissos (ainda que não no tradicional formato CLT) me chamavam de volta para casa.       


Ninguém volta de uma viagem da mesma forma que a começou. 


Esses dois meses regados a Carbonaras, Chiantis, Michelangelos e Librerías foram a parada que eu precisava para me reenergizar, fazer coisas que eu amo, aproveitar o tempo com o meu marido e minha filha (que está crescendo tão rápido que roupas do início da viagem já não serviam mais no final). 


De volta a São Paulo, continuo aproveitando cada minuto do meu tempo, de forma muito mais presente e feliz, e com o privilégio de poder tomar decisões sem pressa. 


Como a Karin e o Fred falam no livro: “Ter uma atitude positiva em relação ao presente nos dá uma vantagem competitiva sem limites”.


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©2024 por Fernanda M Schmid

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